Igreja que ensina e desperta o acolhimento
Maio inicia com o Dia dedicado à memória em prol de conquistas de direitos das pessoas trabalhadoras. O Dia 1º de Maio é dedicado internacionalmente a conquistas por direitos à vida digna. Essa data ultrapassa fronteiras geográficas e ideologias e une homens e mulheres pela dignidade e semelhança na Missão da Igreja. Ao longo da história, muitas diferenças já foram desconstruídas, mas ainda há muitas barreiras que deverão ser desmontadas para podermos, de fato, anunciar homens e mulheres, juntos e juntas, na Missão de Deus.
Outra data de destaque é o 2º Domingo de Maio, data em que, no Brasil, é comemorado o Dia das Mães. Embora esse dia seja mais avaliado pela mídia em função do consumo que pelo sentimento de amor pela mãe, cabe ressaltar o respeito pela mulher como parceira e de igualdade de gênero em todas as instâncias da sociedade.
Nesse contexto conturbado, não pode passar por nós um 1º de Maio sem questionar o desmantelamento das leis e dos direitos conquistados ao longo da história. A conjuntura trabalhadora não é de festa. Pelo contrário, é muito mais de luto pelas perdas sofridas na legislação e, até mesmo, pelas lideranças eliminadas na caminhada. Sendo assim, poderia ser dia de oração e ação.
No Dia das Mães, o que vamos comemorar? Em uma reunião com a participação de mulheres, ouvi relatos sobre muito sofrimento, provocado ainda pela desigualdade de gênero na maioria dos países, também nos países de maioria cristã. Parece que não é a religião que coopera para a igualdade de relação entre os seres humanos.
Voltando os olhos para o Brasil, onde gostamos de ouvir que somos um país religioso com destaque cristão, nos confrontamos com o número crescente de feminicídio, independente da classe social da qual a mulher faz parte.
Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, Dia das Mães... Semelhantes a tantas outras datas, mas não podem ser desfocadas do contexto histórico e conjuntural. Caso contrário, vamos anunciar a Páscoa pelas toneladas de ovos de chocolate vendidas e o Natal pelos Papais Noéis que circulam nos comércios e nas ruas durante as semanas que antecedem o nascimento de Jesus.
Como pessoas comprometidas em denunciar os desvios da justiça e do amor, queremos nos comprometer em anunciar o amor e a justiça em todas as ocasiões. Sejamos uma Igreja que ensina e desperta o acolhimento – indistintamente de classe e gênero.
P. Inácio Lemke - Pastor 2a Vice-Presidente da IECLB