Luteranos em Contexto



ID: 2650

Reforma em versos

Prestem bem atenção
Na história que eu vou contar.
Aconteceu há muitos anos atrás,
Num distante lugar.

Que todos possam entender,
Isso é o que eu espero.
Esta história fala de um monge
Chamado Martim Lutero.

Era um homem de vida devota
E também muito sincero.
Quando saiu do seminário
Queria cumprir bem seu ministério.

Isso aconteceu
Lá pelo século dezesseis.
A Igreja não estava mais
Como na época que Deus a fez.

Sempre cobrava dinheiro
Pra perdoar os fiéis,
Que sem pensarem duas vezes,
Davam até valiosos anéis.

Não precisava ser dinheiro
Podia ser qualquer outro bem,
Desde que eles entregassem,
Diziam logo:”amém”.

A coisa acontecia assim:
Quem tinha seus pecados
Queria ser perdoado.
Para isso dava alguns trocados.

De acordo com o pecado,
Pequenino ou grandão,
O fiel era obrigado
A pagar uma porção.

A Igreja ensinava
Que pecador era réu.
Só pagando indulgência
Conseguia um lugar no céu.

Indulgência, era a venda de perdão.
Perdão para pecador.
Coisa que só quem pode fazer
É Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Mas a Igreja não pensava assim.
Vendia a tal indulgência,
Pois naquele tempo ela vivia
Debaixo da sua influência.

O povo em tudo acreditava.
Era cheio de superstição.
Mas era um povo que acreditava
Sinceramente na salvação.

A igreja então ensinava:
“Guardai-vos da cólera dos santos.
São todos cheios de amor,
Mas, ai de quem é pecador!”

“Os que não os cultuam devidamente
Recebem graves doenças.
Pior ainda é ter com eles
Algumas desavenças.”

Ficavam todos com medo
Da grande ira celeste.
Quem era devoto,
Não escaparia a uma peste.

Não era bom também
Deixar os outros santos esquecidos.
Recorrendo a um só santo,
Os outros ficariam ofendidos.

O povo era formado de pessoas
Que, além de ignorantes,
Acreditando em tudo,
Eram também pessoas errantes.

Era uma humanidade
Em tudo pecadora.
Para evitar o castigo divino
Só uma solução redentora.

O povo tinha que se sacrificar
Pra obter a salvação.
Era preciso fazer
Procissão de mortificação.

Quem quisesse salvação
Comprava relíquia de santo.
Podia ser um espinho da coroa de Cristo
Ou até mesmo um sagrado manto.

Também recebia o povo
Um outro ensinamento:
“Quem quisesse salvação
Podia comprar um sacramento”.

Mas, muito grave mesmo
Era a venda de indulgência,
Que o povo comprava,
Demonstrando pouca inteligência.

Tudo isso os padres
Ao povo ensinavam.
Como ninguém desacreditava,
Cada vez mais eles enricavam.

Mas isso não era coisa
Pra continuar muito tempo não,
Alguém tinha que surgir
Pra mudar tal situação.

Esse alguém era um monge,
Cujo nome era Lutero.
Era homem de fé, de devoção
E também bastante austero.

Era um jovem alemão, formado em artes
E filosofia também já tinha feito.
E já se preparava para entrar
Na Escola de Direito.

Mas, algo iria ocorrer
A esse jovem alemão,
Para mudar da idéia
E receber outra vocação.

Num dia de viagem, e grande tempestade,
Ia ele para um lugar muito longe.
Com medo da ira celeste e da morte, grita:
“Sant’Ana, socorrei-me! Eu me farei um monge!”

Seu pai não gostou muito.
Queria seu filho de outra maneira.
Para ele a vida de padre
Não era uma boa carreira

Mas Lutero insistiu
Foi para o mosteiro dos agostinianos.
E por lá permaneceu
Durante muitos anos.

Para ele tudo aconteceu
Durante aquela tempestade.
Era preciso fazer, então,
O que Deus fazia vontade.

A 2 de maio de 1507
Sua primeira missa era rezada.
Contra a vontade do pai
Sua vocação estava consagrada.

Lutero enfrentou graves crises.
Mas em tudo manteve obediência.
Quando a coisa estava muito feia,
Fazia vigília e penitência.

De corpo e alma passou a estudar.
Já era formado em filosofia.
Logo não tardou também
A ser bacharel em teologia.

Finalmente, já um monge respeitado
A Roma ele foi enviado
Para tratar de um problema
Que precisava ser solucionado.

Roma não era mais cidade dos mártires,
Aquela cidade antes espirituosa.
Os papas que a ela governavam
Não davam valor à fé religiosa.

Títulos de bispo compravam
Os senhores da nobreza.
A Igreja foi ficando cheia
De homens de grande riqueza.

Lá, nos lugares santos,
Onde se fazia peregrinação
E até mesmo nas igrejas,
Mulheres faziam prostituição.

Todo esse panorama
De decadência espiritual
Encheu Lutero de angústia.
Em Roma faltava muita moral.

Lutero volta à Alemanha
Completamente desiludido,
Pois a corrupção
Havia conhecido

Lutero era admirado
Por sua dedicação religiosa.
Era homem devoto
E de fé muito ardorosa.

Lutero se indignou
Contra essa desmoralização.
Resolveu lutar para mudar
Uma tal situação.

Para ele, quem comprava indulgência,
Comprava uma falsa segurança.
Dinheiro não resolvia nada.
Só Deus era digno de confiança.

Para ele, o Evangelho
Era o tesouro do cristão.
E nele não se falava
Sobre venda de perdão.

Lutero escreve 95 afirmações
Condenando a tal situação.
Estava ele, então, criando
Uma grande rebelião.

As 95 afirmações ele coloca
Bem na porta da igreja,
Para que o povo possa ver
O que Deus realmente deseja.

Sem que ninguém soubesse
Nascia naquele instante
Uma coisa que ficou conhecida
Como Reforma Protestante.

Em pouco tempo as 95 afirmações
Já não eram mais mistério.
Já estavam conhecidas
Em todos os principados do Império.

Martim Lutero, então,
A Roma foi chamado.
Começava ele a ser
Um homem ameaçado.

A Igreja queria
Que ele voltasse atrás.
E sobre aquele assunto
Não voltasse a falar mais.

Lutero só fez, então,
Firmar sua posição.
Não voltava atrás
A sua condenação.

Com essa decisão
As brigas continuaram.
E muitos doutores
A doutrina de Lutero condenaram.

Lutero era, assim,
Um homem ameaçado.
Não demoraria muito
Para ser excomungado.

Na fogueira ele joga
Carta contendo decreto papal.
Para ele, aquilo continha
Nenhum valor espiritual.

O papa considerou isto
Uma grande ingratidão.
Tratou de lhe dar logo
A sua excomunhão.

No começo de 1521,
Lutero seria, então julgado.
Mas o grande monge, porém,
Não se mostra amedrontado.

No julgamento, respondeu:
“Dizer que eu não disse eu não quero,
Porque agindo assim
Comigo não sou sincero.”

Com essa decisão,
Lutero foi banido.
Sua vida passou, então,
A correr grande perigo.

Já que vivia escondido,
Ele aproveita a situação
Para escrever sobre Salmos,
Missa, confissão e excomunhão.
Aproveita ainda para da Bíblia
Fazer a tradução.

Lutero passa a ser
Um grande chefe espiritual.
Muitos homens passam a segui-lo
Para lutarem contra o mal.

Em 1522, explode uma revolta.
Contra a Igreja era a luta,
Muita gente já havia
Se metido nessa disputa.

Muita gente estava contra
As riquezas que a igreja acumulava.
Sabiam que aquilo não era certo
E que Deus não concordava.

Martim Lutero passa
A viver uma nova vida.
Resolve também casar
Com uma freira convertida.

Na Alemanha, outra revolta explode.
Agora são os trabalhadores do campo.
Que a Lutero resolveram dar
O seu apoio amplo.

Os trabalhadores do campo viviam
Numa terrível situação:
Trabalhavam muito, mas o salário era:
Fome, miséria e opressão.

Os camponeses estavam contra
A exploração dos seus patrões,
Que lhes roubavam tanto
Como verdadeiros ladrões.

Lutero ficou indeciso.
Não sabia a quem ajudar.
Resolveu, então, do lado
Dos patrões ficar.

Os camponeses dedicavam
A Lutero um gande amor.
Depois disso passaram a chamá-lo
De um grande traidor.

Os camponeses foram todos
Atacados e massacrados.
Os que não eram mortos,
Pra prisão eram levados.

Em 1529, houve outra rebelião,
Não de trabalhador.
Depois do massacre, os que sobraram,
Calaram de temor.

Esta outra rebelião
Foi um grande manifesto.
Pra mudar uma situação,
Só um grande protesto.

Foi assim que surgiu,
De um protesto como não se viu antes,
A nossa denominação,
Conhecida como protestantes.

Surgiram outros grandes líderes,
Como Zwinglio e Calvino.
Todos acreditando
Estarem servindo ao Deus divino.

Muitos não se entendiam.
Então, houve divisão.
Porque todos queriam mostrar
Como se alcança a salvação.

Com isso surgiram
Diferentes denominações.
Todas pregando o Evangelho
Em diferentes regiões.

Lutero continuava ainda
Lutando contra o papado.
Estava mais fortalecido
Com todo o povo a seu lado.

Em 18 de fevereiro de 1546
Martim Lutero iria morrer.
Mas estava calmo e tranqüilo,
Pois cumpriu o seu dever.

Antes dele morrer
Perguntaram se desejava
Morrer em Cristo e
Em tudo que ensinava.

Não houve vacilo algum.
“Sim”, respondeu ele.
Foi sua última palavra,
Mas muito se falaria dele.

Hoje a coisa mudou.
Vivemos em outra situação
A Igreja Católica já reconhece
O valor daquela revolução.

Também reconhece
Que o monge Martim Lutero,
Naquele tempo agiu
Como homem muito sincero.

Que Deus faça ainda
Outra grande transformação
Para que a Igreja possa
Levar o homem à salvação.

Tudo que aqui foi contado
Devemos guardar na memória.
Nós que somos protestantes.
Esta é a nossa história.

Robson Rodrigues
Revista Tempo e Presença, no. 169


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